quinta-feira, 19 de julho de 2012

madeira

vêem-me as  lágrimas aos olhos a ver o que se passa na madeira, em tavira, e nos outros sítios todos. como eu sei o que custa ver, sentir, viver um fogo destas dimensões. o cheiro, o som do fogo esses nunca esqueci. vivi-o há dois ou três anos aqui quando ardeu tudo e mais alguma coisa por estes lados. até a relva do meu jardim se foi, as persianas que derreteram, os vidros rebentaram com o calor, e vi a minha casa envolta em chamas. lembro-me de estar à espera até alguém dizer: já chegou. e lá estava ele a quinze metros de minha casa. numa área que ninguém quis limpar porque meu pai bem tentou mas o dono não deixou, e se ele fizesse seria crime, mas o dono do terreno, que não o fez, depois não foi responsabilizado por ser catástrofe natural... e ninguém faz. ninguém limpa nada, ninguém cuida. quando há fogo tem que se deixar arder e esperar, e rezar. que os prejuízos não sejam os piores, que ninguém se magoe, que ninguém morra. e todos os anos é esta tristeza. por aqui vai voltar a acontecer novamente um dia destes, porque ninguém faz nada, ninguém limpa, ninguém cuida. o meu pai esse nunca mais deixou crescer nada aqui à volta, que não quer voltar a ver as suas coisas desfeitas. e o desespero das pessoas ao ver arder. a tentar fazer o que não é possível fazer. é esperar, e deixar arder. e todos os anos é a mesma coisa. deus os ajude, e nos ajude a todos porque todos estamos sujeitos, à espera.

2 comentários:

  1. Tenho pra mim que isto dos incêndios é tudo um negocio. São as companhias de helicópteros a ganhar, são as empresas de plantação de eucaliptos, são os construtores que ganham terrenos limpos... é triste. Muito triste, e quando se vão as casas das pessoas, é realmente uma catástrofe.

    obrigada por teres atualizado o meu endereço do blog. beijinho

    ResponderEliminar
  2. Passei por algo semelhante em 1993... só que eu e os meus pais achámos melhor pegar nas nossas coisinhas e ir para a praia... a nossa casa não ardeu porque os bombeiros de Olhão que tinham vindo de longe, apagaram o fogo mesmo a tempo rente às paredes de nossa casa!
    Sei a aflição, porque a senti!
    Ainda hoje quando vejo incêndios sinto aquele arrepio na espinha de "fim do mundo"

    ResponderEliminar