começo a sentir o cansaço no ar. estamos todos cansados. cansados do trabalho que vai correndo, da vida que vai passando. cansados de ouvir más noticias em todo o lado. estamos de tal modo cansados que já não nos espanta a fuga aos impostos, as fugas de capital, de cérebros, de ideias. cansados de ouvir falar de uma luz ao fundo do túnel, cansados de ouvir que para 2017 é que baixam os impostos, para o ano é que é vão ver. cansados de ouvir que os políticos não farão promessas que não podem cumprir e que na semana seguinte teimam em fazer e mais tarde teimam em não cumprir. cansados de os ouvir dizer que a culpa é nossa que os elegemos, que votamos, e que vejam lá tivemos a ousadia de usar o direito constitucional de voto. aguentem-se. cansados de ouvir que os impostos aumentam, cansados de ouvir que morreu mais uma mulher vítima de violência doméstica, ou mais um velhote espancado por vinte euros num assalto desumano. cansados de fazer das tripas coração para chegar ao fim do mês, do ano, de mais um mês e mais um ano. toda a minha vida vivi em crise. já vi o país de tanga, em pré bancarrota, na desgraça, no fundo do poço. mas nunca o vi assim: tão cansado. tão cansado que já tão pouco surpreende. e tão pouco nos faz sentir indignados. o cansaço está palpável. as pessoas estão exaustas, sem sonhos, com fome (há pessoas com fome! que não têm que comer! nada no frigorífico, nada.).
queria tão melhor para o meu país e para a vida de todos nós, quero garra na gente! quero sonhos e promessas cumpridas! pão, paz, habitação, saúde, educação. quero que se concretize hoje amanha! com a mesma gana que se gritou pelas ruas! e a mesma vontade e determinação de outros tempos!
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